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Fundação da Guarda Negra, para a proteção da Princesa Isabel, após abolição da escravidão

Este artigo apresenta a formação da Guarda Negra por um grupo de negros que praticavam a capoeira e agiam com violência para com o Partido Republicano na cidade do Rio de Janeiro entre 1888 e 1890. O objetivo do grupo era apoiar a Monarquia e impedir a República no Brasil.

UM DIA COMO HOJE: foi a fundação da Guarda Negra, integrada por capoeiras e ex policias ou militares de pel negra (09/06/1888)

Capoeira, 1981, carybe - Jogo da Vida

Após a Abolição da Escravatura, certa parcela dos grupos negros se engajou na defesa do isabelismo, uma espécie de culto à Princesa Isabel, que os libertara, destacando-se nesse particular o jornalista José do Patrocínio, que incentivava ex-escravos a se agruparem para a defesa da monarquia ameaçada pelo crescimento dos grupos que pretendiam implantar a república no Brasil.

Este movimento culminou na constituição da Guarda Negra, uma espécie de tropa de choque composta pela “ralé carioca e por maltas de capoeiras”, na opinião de Ruy Barbosa, cuja principal finalidade era dissolver comícios republicanos pelo uso da força. Seus integrantes acreditavam ser seu dever proteger das violências republicanas o sistema que os libertara e por isso se mantinham leais à monarquia, opondo-se aos “paulistas”, que pretendiam a instalação do novo regime.

Associação da Guarda Negra, foi fundada em 09 de julho de 1888, em casa de Emilio Rouède, amigo de José do Patrocínio, com o objetivo de defender o reinado da Princesa Isabel (A Redentora) em função da Lei Áurea.

Da fundação da Guarda Negra:
1º. – Criar uma associação com o fim de opor resistência material a qualquer movimento revolucionário que hostilize a instituição que acabou de libertar o país.
2º. – Só poderão fazer parte, como seus sócios ativos, os libertos que se comprometerem a obedecer os mandatos de uma Diretoria eleita, por maioria absoluta, em votação que se efetuará em momento oportuno.
3º. – Poderão ser sócios efetivos unicamente os que considerem o ato memorável do dia 13 de maio, acontecimento digno de admiração geral e não motivo para declarar guerra à humanitária princesa que o realizou.
4º – Pedir à Confederação Abolicionista o seu apoio para que esta sociedade se ramifique por todo o império.
5º. – Pedir à imprensa que participe desse sentimento o seu valioso concurso.
6º. – E último. Aconselhar por todos os meios possíveis aos libertos do interior que só trabalhem nas fazendas daqueles que não juraram guerrear o 3º Reinado. (Cidade do Rio, Ano II, N. 152, 10/06/1888, p. 2)
No entanto, a formação da Guarda Negra foi posterior as rivalidades entre as Maltas Guayamus e Nagóas (muitos deles capoeiras) diante do fim escravidão. Parte do grupo Guayamus e a maioria dos membros dos Nagóas se reuniram em torno do Partido Conservador por sua gratidão a Princesa Isabel e o gabinete João Alfredo. Dessa união surgiu a Guarda Negra da Redentora. Era o inicio de uma campanha para dar aos ex-escravos educação e alfabetização, para se adaptarem a liberdade e se integrarem a sociedade.
Fonte: Fundação Casa Rui Barbosa, Ministerio de Cultura / Site: Blog Guarda Negra

JOGO DA VIDA 

Arte da Capoeiragem

Dia do Indio

O 19 de abril comemora-se no Brasil e em vários outros países do continente americano o Dia do Índio. Há outra data destinada à mesma finalidade, mas a nível internacional, que foi convencionalmente determinada pela ONU em 1995: trata-se do dia 09 de agosto Dia Internacional dos Povos Indígenas.

UM DIA COMO HOJE:  É celebrado o Dia do Índio, nos países americanos (19/04)

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Memorial do Indio, em Coroa Vermelha, Costa do Descubrimento, Bahia – Fotografia: Iroli

 

A data 19 de abril, foi escolhida em 1940 em México, país que realizou o I Congresso Indigenista Interamericano, no qual iriam ser discutidos assuntos referentes à qualidade de vida dos índios.  Essa reunião tinha o propósito de discutir várias pautas a respeito da situação dos povos indígenas após séculos de colonização e da construção dos Estados Nacionais nas Américas.

Essa recomendação, de nº 59, propunha:

1. o estabelecimento do Dia do Índio pelos governos dos países americanos, que seria dedicado ao estudo do problema do índio atual pelas diversas instituições de ensino;

2. que seria adotado o dia 19 de abril para comemorar o Dia do Índio, data em que os delegados indígenas se reuniram pela primeira vez em assembléia no Congresso Indigenista. Todos os países da América foram convidados a participar dessa celebração.

 A partir do ano seguinte [1940], vários países do continente americano passaram a incluir em seus calendários o 19 de abril como dia de homenagem aos povos nativos ou indígenas. Por este motivo, em 1943, Getúlio Vargas, que era o atual presidente do Brasil, decretou que todo dia “19 de abril” seria comemorado o dia do Índio no Brasil.

Pelo Decreto-lei nº 5.540, de 02 de junho de 1943, o Brasil adotou essa recomendação do Congresso Indigenista Interamericano. Assinado pelo Presidente Getúlio Vargas e pelos Ministros Apolônio Sales e Oswaldo Aranha, e o seguinte o texto do Decreto:

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição, e tendo em vista que o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, reunido no México, em 1940, propôs aos países da América a adoção da data de 19 de abril para o “Dia do Índio”, decreta:

Art. 1º – considerado – “Dia do Índio” – a data de 19 de abril.

Art. 2º- Revogam-se as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 2 de junho de 1943, 122º da Independência e 55º da República.”

A celebração do Dia do Índio tem como propósito também a preservação da memória e a reflexão crítica nas universidades, escolas e demais instituições semelhantes sobre o passado da relação de dominação e conquista das civilizações europeias no continente americano.

Fonte: Site Museu do Índio/ Site Noticias Terra / Site Brasil Escola

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Consciência com os primeiros donos da terra na América

JOGO DA VIDA

Chegada da delegação de Capoeira no 1° Festival de Arte Negra em Dakar, Senegal, por Jornal A Tarde

UM DIA COMO HOJE: o Jornal A Tarde, publica a chegada da delegação de Capoeira no 1° Festival de Arte Negra em Dakar, Senegal (19/04/1966)

A TARDE - 19-04-1966 velhos mestres
Os angoleiros posando à foto no dia 16/04/1966 

À chegada da comitiva de capoeira ao 1° Festival de Arte Negra o dia 16 de abril de 1966, o Jornal A Tarde tira uma foto e logo três dias depois publica:

CAPOEIRA NO FESTIVAL DE ARTE NEGRA – A Bahia será representada no Festival de Arte Negra, que se realiza em Dakar (África) por um grupo de capoeiristas, dos mais famosos, escolhidos a dedo pelo Mestre Pastinha. Os capoeiristas que aparecem na foto são os seguintes: Mestre Pastinha, Roberto Pereira (Satanás), Mestre Gato, Gildo (Formado), Camafeu de Ochosee (sic), e João Grande.

O Mestre Pastinha fará uma série de demostrações. Seus alunos, hoje também instructores de capoeira Angola da Bahia, se apresetarão para a platéia internacional, que estará presente ao Festival, promovido pelo presidente do Senegal, Sr Leopoldo Senghor em combinação com o Itamarati. Ainda como outra atração, o capoeirista Camafeu de Ochossi (sic) levará uma gravação de afro-brasileiro, com o acompanhamentos de berimbau e atabaques, inscritos oficialmente pelo Itamarati e pelo Centro de Estudos Afro-orientais, como autêntica música afriacana do Brasil, onde a Bahia tem destaque e influência com maior intensidade.

A delegação da Bahia antes de embarcar esteve na redação de A TARDE, oportunidade em que afirmou que graças ao Diretor Valdir Freitas de Oliveira, do Centro de Estudos Afro-orientais, onde se diplomaram, conseguiu a oportundiade para mostrar o qeu a Bahia tem no estrangeiro.

O Mestre Pastinha já foi a África, e deu vida ao sonho da sua vida, ensinar sua capoeira na terra mãe…

Fonte: Site Velhos Mestres

JOGO DA VIDA 

1966 – Pastinha foi à África, pra mostrar a capoeira do Brasil

Em Abril de 1966 com a participação de uma comitiva de capoeira, liderados por Mestre Pastinha, acontece o Primeiro Festival Mundial de Artes Negras em Dakar, Senegal. O festival aconteceu durante 1-24 abril 1966, mas os mestres angoleiros só partiram para lá no dia 16, data das fotografías.

UM DIA COMO HOJE NA LINHA DE TEMPO DA CAPOEIRAGEM: Capoeira em 1° Festival das Artes Negras Dakar/Senagal (16/04/1966).

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De esquerda a direita, os Mestres: Camafeu de Oxossi, Roberto Satanás, Gildo Alfinete, João, Gato e M. Pastinha. – Jogo da Vida

O sonho de Mestre Pastinha era conhecer África, e ensinar a sua capoeira na terra mãe das culturas afrobrasileiras, e foi assim que a seus 77 anos e quase cego, foi integrante da delegação brasileira que compôs este evento junto com seus alunos.

Convidado do Ministério das Relações Exteriores, reuniu uma comitiva de capoeiristas angoleiros para representar a cultura popular afro-brasileira, dentre eles os mestres João Grande, Gato, Gildo Alfinete, Roberto Satanás e Camafeu de Oxossi. Entre os demais brasileiros que formaram a delegação oficial no festival podemos citar o artista plástico Rubem Valentim, o músico Élton Medeiros e a cantora Clementina de Jesus.

Estavam presente no evento o poeta Léopold Sédar Senghor, então Presidente do Senegal. Neste país, independente desde 1960, seu governo instaurou o presidencialismo e promoveu o movimento político-estético da negritude. Movimento de que estas celebridades eram expoentes, e que se tornou uma forma de combater o racismo valorizando a personalidade e a cultura específicas ao negro.

O I Festival Mundial de Artes Negras teve como sentido primordial “marcar o momento da conquista da independência dos países africanos com uma homenagem ao papel de sua cultura, mundialmente difundida, como catalisadora do processo libertário“. Sendo assim, compreendemos a relevância do festival na trajetória do mestre Pastinha e a justa oportunidade dada ao Mestre de ir representar sua arte e sua filosofia em Dakar.

Até mesmo porque Pastinha sempre defendeu a origem africana da capoeira. Perspectiva que exalta a memória dos afro-descendentes e valoriza suas raízes étnicas e históricas em detrimento de posições convencionalmente equivocadas. Aquelas em que a memória dos afro-brasileiros é iniciada a partir do tráfico de escravos, enquanto povos escravizados. Facilmente confundidos com “povos escravos“. Ou seja, defender a origem africana da capoeira nos permite “entendê-la como arte de homem que um dia foi livre“.

Fonte: Site Velhos Mestres / Site Jornal do Capoeira

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1° Festival das Artes Negras Dakar/Senagal

CONSCIÊNCIA e CONEXÃO com o

JOGO DA VIDA

Mestre Pastinha comemora o seus 90 anos de vida, por Jornal da Bahia

UM DIA COMO HOJE: Jornal da Bahia publica: “90 anos de um capoeirista que a vida ainda não derrubou, apensar das tentativas” (08/04/1979)

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A seus 90 anos de idade, Mestre Pastinha conmemora o seu aniversario com sua companheira, a velha guarda, e alguns capoeiras. O Jornal da Bahia presente no dia, publica o seguinte:

“Vicente Ferrerira Pastinha, o maior difusor da Capoeira Angola e o último dos grandes mestres capoeiristas da Bahia, comemorou quinta-feira, cego e solitario, seus 90 anos de vida, boa parte dos quais dedicados à luta que ajudou a difundir. A festa de reconhecimento que ele merecia, como um dos mitos da cultura popular baiana, não aconteceu.

Não lhe faltou, entretanto, o afeto da companheira, Maria Romelia Oliveira, e abraço amigo de alguns capoeiristas da velha guarda, como os mestres Waldemar e Caiçara. Sem discursos ou homenagens, mas como o som tão familiar do berimbau, Mestre Pastinha comemorou seu aniversário.

A idade e a cegueira não conseguiram abater este bravo e sua academia que depois de fechada durante cinco anos reabre agora na rua Gregorio de Mattos, 51. Preocuapado como os rumos que tomou a capoeira – “hoje qualquer um se diz capoeirista” – , Mestre Pastinha esta decidido a “moralizar” a luta que absorveu quase toda sua vida. Mas precisa de ajudae, para consegui-la, promete ir até as autoridades.

Suas dificultades são muitas, pois apesar de ser famoso como difusor de um estilo de capoeira, Mestre Pastinha nem mesmo tem uma casa para morar. ‘Vivemos num quarto escuro ali na Alfredo de Brito, 14′, conta sua mulher Romélia, que precisa vender acarajé para ajudar nas despesas. Para ela, a fama de Pastinha não o ajuda em nada. Quando lhe lembraram que o governo poderia dar uma casa ao mestre, como deu ao poeta Dorival Caymmi, comentou com amargura: ‘A Bahia é de Caymmi, não de Pastinha’“.

Fonte: Acervo Jogo da Vida, do Jornal da Bahia – 08/04/1976

Consciência e conexão com a capoeiragem e nossos antepassados no

JOGO DA VIDA 

Johann Moritz Rugendas, pintor e desenhista alemão (1802 – 1858)

Entre suas gravuras mais conhecidas na capoeiragem da obra Viagem Pitoresca ao Brasil destacam as obras: Dança de Guerra, Capitão do Mato, Carregadores de Água, Navio Negreiro, Habitação de Negros, Castigos Públicos, Negros Novos e desenhos de escravos.

Personagem da História da Capoeiragem, no Jogo da Vida – Artista Johann Moritz Rugendas (29/03/1802 – 29/05/1958)
Retrato de Rugendas 1830 Anselm Riedel - Jogo da Vida

RUGENDAS, Johann Moritz – Artista Plástico
(1802, Augsburgo, Alemanha – 1858, Weilheim, Alemanha)

Rugendas nasceu no dia 29 de março de 1802 na cidade de Augsburgo, na Alemanha. Cresceu em uma família de artistas, envolvido com o meio acabou se formando como um grande pintor na Academia de Belas Artes de Munique, na qual especializou-se na arte do desenho.

Seus primeiros estudos de arte foi com o pai, pintor, gravador e professor na escola de desenho de Augsburgo, na Baviera (seu pai chegaria a diretor dessa escola). Ingressou na Academia de Belas Artes de Munique em 1817.

Johann Moritz Rugendas a convite do cônsul russo o Barão Georg Heinrich von Langsdorff, cientista e diplomata russo, veio para o Brasil em 1821, como desenhista, ilustrador e documentarista, integrando a missão científica de Expedição Langsdorff.

Inicia-se assim a obra de um dos principais ilustradores do Novo Mundo no século XIX. Chega ao Rio de Janeiro em em pleno momento de efervescência política com o processo de independência do país. Em 1824, viajou para Minas Gerais e registrou paisagens, cenas de costumes e o trabalho escravo. Na volta, abandonou a expedição. Passou por Mato Grosso, Bahia e Espírito Santo, retornou ao Rio de Janeiro e seguiu para a Europa.

De 1825 a 1828 vive entre Paris, Augsburg e Munique. Nesse período, dedica-se à publicação de sua obra Voyage Pittoresque dans le Brésil. Até hoje o livro é considerado um dos mais importantes documentos iconográficos sobre o Brasil do século XIX. Contém as seguintes subdivisões: paisagens, tipos e costumes, usos e costumes dos índios, a vida dos europeus, europeus na Bahia e em Pernambuco, usos e costumes dos negros.

A partir de 1834, excursiona pela América do Sul, passa pelo Chile, Argentina, Peru e Bolívia. Em 1845, retornou ao Rio de Janeiro, onde retrata membros da família imperial e é convidado a participar da Exposição Geral de Belas Artes. No ano seguinte, partiu definitivamente para a Europa.

Deixou ainda vários estudos de plantas, índios, negros e retratos. É nesse período que o artista começa a desenvolver pinturas a óleo, assimilando as técnicas aprendidas durante sua passagem estudando em Roma, Itália e familiariza-se com as correntes artísticas avançadas: Neoclassicismo e Romantismo.

Vende o conjunto de sua obra para o Rei da Baviera em troca de pensão vitalícia, perdendo-a anos depois por não realizar produção pictórica com base em seus trabalhos americanos, tal como havia acordado. O artista faleceu em situação financeira não muito favorável e amargurado pela certeza do fracasso artístico no dia 29 de maio de 1858 na cidade de Weilh.

Os trabalhos de Rugendas encontram-se hoje dispersos em museus e coleções particulares da Europa e da América do Sul. Constitui um dos mais curiosos e honestos documentos sobre o Brasil nas primeiras décadas do século XIX, cuja paisagem e costumes fixou com o mesmo sentido de observação de Debret, um artista da sua memsa época.

Para conhecer mais detalehes das suas obras visite o seguinte site Obras de Rugendas

 Fonte: Site História das Artes / Site Histoória Seed – Governo do Estado, Paraná / Site Biografías y Vidas / Site Enciclopedia Itau Cultural / Site Catalogo das Artes

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Dança de Guerra, Viagem Pitoresca ao Brasil, Rugendas – Jogo da Vida

JOGO DA VIDA 

Ceará é a primeira Província em daclarar Extinta a Escravidão

O Ceará comemora, o dia 25 de março, a declaração da abolição da escravatura, realizada em 1884, quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea, tornando o estado como a primeira província a decretar, oficialmente, o fim da escravidão no Brasil

UM DIA COMO HOJE: Lei provincial, declara extinta a escravidão na provín­cia do Ceará (25/03/1984)

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Quadro de Auguste François Biard (1798-1882): A abolição da escravatura

O presidente do Ceará, Sátiro Dias, declara extinta a escravidão na provín­cia (primeira a fazê-lo) atribuindo o fato essencialmente ao esforço das soci­edades libertadoras locais. O 25 de março de 1884 foi a data da libertação dos escravos na Província do Ceará e que marcou uma nova fase do movimento abolicionista em Pernambuco.

Embora a data oficial seja 25 de março de 1884, alguns historiadores consideram que o evento ocorreu no dia 01 de janeiro de 1883, em frente à igreja Matriz, na Vila do Acarape, atual município de Redenção, em um ato marcado pela entrega das cartas de alforria às 116 pessoas escravizadas ali existentes, na presença de José do Patrocínio e de outros abolicionistas.

Uma onda revolucionária encorajou as pessoas simpatizantes do abolicionismo e os escravos a desobedecerem a autoridade senhorial e deslegitimar o escravismo. Este movimento popular aglutinou homens e mulheres de múltiplos estratos sociais e cores e ampliou-se por toda a província pernambucana.

O rumor de que o solo do Ceará conferia liberdade aos escravos que nele pisassem correu por outras províncias, dando bastante trabalho à polícia do Ceará, pois escravos de diferentes partes procuraram essa província como refúgio

Os jangadeiros também tiveram papel decisivo no processo cearense de abolição da escravatura. Em 27 de janeiro de 1881, tendo à frente Francisco José do Nascimento, conhecido como “Dragão do Mar”, os jangadeiros firmaram sua posição: “No porto do Ceará não se embarcam mais escravos!”. Com esta atitude, eles conseguiram de fato abolir o tráfico de escravos na província.

Fonte: Secretaria da Cultura do Estado do Ceará / UNILAB – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira /  Geledés – Instituto da Mulher Negra

CONSCIÊNCIA com a historia da Capoeiragem no

JOGO DA VIDA 

Dia Internacional da Luta contra a Discriminação Racial instituído pela ONU.

A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1966, em memória à tragédia que ficou conhecida como “Massacre de Shaperville”, em 1960, na cidade de Joanesburgo, na África do Sul.

UM DIA COMO HOJE: Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial (21/03)

Por Matías Giarratana
Fotografia Matías Giarratana

No dia 21 de março de 1960, 12 anos após a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o mundo assistiu a um massacre que deixou um inesquecível rastro de sangue: o extermínio de cem homens negros indefesos, assassinados pela polícia sulafricana; centenas de mutilados e feridos sobreviventes; e o despertar de organismos internacionais para sua indiferença e impotência frente ao racismo e às suas manifestações em todo o mundo. Trata-se da chacina de Shaperville, África do Sul.

Na ocasião, 20 mil negros protestavam pacificamente contra a Lei do Passe – que os obrigava a portar cartões de identificação, especificando os locais por onde eles poderiam transitar na cidade – quando se depararam com tropas do exército, que abriram fogo sobre a multidão, matando e ferindo centenas de pessoas de cor negro.

Desde então, o dia 21 de março foi escolhido pela ONU como um marco para a eliminação da Discriminação Racial, sendo instituído o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. 

Massacre de Shaperville
Massacre de Shaperville  – Jogo da Vida

Essa data é importante por que se refere a mais um massacre sofrido por pessoas negras em busca, tão somente, da afirmação da sua humanidade, traduzida na igualdade de fato e de direito. Além de lembrar a tragédia, a data criada pela ONU passou a ser um dia em que pessoas em todo o mundo protestam contra o racismo e pelo fim da discriminação racial.

Comemorar o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial é refletir sobre essas situações mais contundentes, mas é, também, considerar a trajetória dos negros brasileiros que empenharam suas vidas para combater o racismo no País.

Na Alta Comissária de Direitos Humanos das Nações Unidas, por ocasião do Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, Navi Pillay declara o 21 de março de 2011:

O objetivo é erradicar o racismo e a discriminação racial em todas as suas formas. A discriminação baseada na cor da pele e na origem de um indivíduo é abominável, assim como as novas formas de xenofobia e de intolerância étnica.

[…] O reconhecimento é o primeiro passo para corrigir erros passados e para lutar contra o atual preconceito racial. Cada um de nós tem o poder de mudar corações e mentes e de construir um mundo onde cada mulher, homem e criança têm o poder de viver com dignidade e direitos.

Fonte: Fundação Cultural Palmares/MinC / EBC (Empresa Brasil de Comunicação) / UNICEF / Centro de Informação das Nações Unidas – UNIC Rio

O Monumento Renascença Africana no Senegal tem 60 metros de bronze com uma incrível
O Monumento “Renascença Africana” no Senegal tem 60 metros de bronze – Jogo da Vida

CONSCIÊNCIA com a historia da Capoeiragem no

JOGO  DA VIDA

Mestre Bimba, campeão na capoeira desafia todos os luctadores bahianos

UM DIA COMO HOJE: Jornal A Tarde: “‘Mestre Bimba’. ‘campeão na capoeira’ desafia todos os luctadores bahianos” (16/03/1936)

 

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Através do Jornal A Tarde, Mestre Bimba desafia aos capoeiristas baianos com sua Capoeira, a Luta Regional Baiana. Chama a atenção o título, que deixa entre aspas as palavras: “Mestre Bimba” e “Campeão na capoeira“. Mas, foi num momento onde teve que dar prova de sua capoeira frente aos seus pares e à comunidade.

Na materia do Jornal, publica:

“A ‘capoeira’ esporte exotico, mas interessante, com seu nostalgico, mas sagaz e atilado, de golpes felinos, ultimamente está sendo praticada na Bahia com manifesto interesse geral.

[…] E accrescentei os seguites  – vingativa, banda traçada, balão em pé, balão arqueado, balão colar de força, cintura desprezada, cintura rins, gravata cinturada, tesoura aberta, a benção, salta pescoço sopapo galopante, godemo, cotovello e dentinho.

Para evitar enganos e más interpretações e no intuito de tornar os encontros de capoeiragem mais interessantes e mais violentos, todos os golpes e trucos de capoeiragem entrarão  em jogo. Os adversarios poderão se apresentar com os golpes que conhecerem. Fica assim lançado o desafio aos que praticam ou conhecem a capoeiragem, como também a qualquer outro luctador (jiu-jutsi, etc.) O que quizerem. Eu os enfrentarei com minha capoeira!

– E há golpes prohibidos (sic) na capoeira? – preguntamos-lhe.

– em verdade não  deveria existir golpes prohibidos em capoeira, porque é uma lucta (sic) instinetiva (sic). Mas como se trata de um assalto cortez, serão  considerados golpes prohibidos: dedo nos olhos, pancada nos orgãos sexuaes (sic), dentada e puxamento de cabellos (sic).

A capoeira Angola não  é para ser praticada em ring, mas com pandeiro e berimbáo (sic), porque todos os golpes obedecem, por dizel-o (sic) aos sons desses instrumentos.

Ainda no dia 18 houve, no Parque Odeon, a exhibição entre Bahia e Americo Sciência, sem decisão. Por que? Simplesmente: capoeira Antola com os golpes deterinados ou regulados pelo berimbau… “

Mestre Bimba
Mestre Bimba – Jogo da Vida

Ao tempo, mais de trinta anos depois, “Mestre Bimba declarou parao Esportes Jornal, em 13 de março de 1967, que sua maior alegria foi ter sido campeão no torneio de lutas, em 1936.”

Fonte: Pedro Abib, Mestres e Capoeiras Famosos da Bahia, 2013. / Paulo Magalhães Filho, Jogo de Discursos – a disputa por hegemonia na tradição da capoeira angola baiana, 2012.

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Mestre Bimba no jornal defende-se das críticas da sua capoeira nas lutas de ring

UM DIA COMO HOJE: Mestre Bimba defende sua capoeira nas lutas de ring (13/03/1936)

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Desenho de Carybé – Jogo da Vida

Há um debate em torno das regras de competição, que trazia implícita uma disputa pela legitimidade de diferentes projetos políticos-identitarios. A capoeiragem tradicional, já denominada de capoeira angola, argumentava ser a única legítima, africana e seus antigos mestres não podiam aceitar que um capoeirista de 36 anos, que se autointitulara mestre e inventara novas regras e método, determinasse os termos da exibição e competição públicas desta arte-luta.

Enquanto os angoleiros buscavam regras que não retirassem da capoeira seus aspectos rítmicos, lúdicos e simbólicos, Bimba propunha que os conhecimentos de capoeira servissem para uma luta livre, “à vera”, com proibição apenas de dedo nos olhos, pancada nos órgãos genitais, dentada e puxamento de cabelos.

Nas palavras de Mestre Bimba no Diario da Bahia:

A Capoeira de Angola apenas poderá servir para demostrações ritmadas não para a luta em que a força caracteriza a violência e a agilidade a vitória […]. Há dezoito anos que ensino capoeiragem. Adaptei vários golpes à chamada capoeira de Angola, praticada por meu mestre, o africano Bentinho. […] Mas a verdadeira capoeira é aquela com que a gente se defende e enfrenta o inimigo. Pois então em qualquer lugar, sou atacado e vou esperar pelo berimbau para reagi? Nem berimbau nem pandeiro! A coisa tem que virar mesmo! (DIARIO DA BAHIA, 13/03/1936)

Fonte: Diario da Bahia  / Paulo Andrade Magalhães Filho, Jogo de Discursos – A disputa por hegemonia na tradição Angola baiana, 2012.

JOGO DA VIDA