1966 – Pastinha foi à África, pra mostrar a capoeira do Brasil

Em Abril de 1966 com a participação de uma comitiva de capoeira, liderados por Mestre Pastinha, acontece o Primeiro Festival Mundial de Artes Negras em Dakar, Senegal. O festival aconteceu durante 1-24 abril 1966, mas os mestres angoleiros só partiram para lá no dia 16, data das fotografías.

UM DIA COMO HOJE NA LINHA DE TEMPO DA CAPOEIRAGEM: Capoeira em 1° Festival das Artes Negras Dakar/Senagal (16/04/1966).

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De esquerda a direita, os Mestres: Camafeu de Oxossi, Roberto Satanás, Gildo Alfinete, João, Gato e M. Pastinha. – Jogo da Vida

O sonho de Mestre Pastinha era conhecer África, e ensinar a sua capoeira na terra mãe das culturas afrobrasileiras, e foi assim que a seus 77 anos e quase cego, foi integrante da delegação brasileira que compôs este evento junto com seus alunos.

Convidado do Ministério das Relações Exteriores, reuniu uma comitiva de capoeiristas angoleiros para representar a cultura popular afro-brasileira, dentre eles os mestres João Grande, Gato, Gildo Alfinete, Roberto Satanás e Camafeu de Oxossi. Entre os demais brasileiros que formaram a delegação oficial no festival podemos citar o artista plástico Rubem Valentim, o músico Élton Medeiros e a cantora Clementina de Jesus.

Estavam presente no evento o poeta Léopold Sédar Senghor, então Presidente do Senegal. Neste país, independente desde 1960, seu governo instaurou o presidencialismo e promoveu o movimento político-estético da negritude. Movimento de que estas celebridades eram expoentes, e que se tornou uma forma de combater o racismo valorizando a personalidade e a cultura específicas ao negro.

O I Festival Mundial de Artes Negras teve como sentido primordial “marcar o momento da conquista da independência dos países africanos com uma homenagem ao papel de sua cultura, mundialmente difundida, como catalisadora do processo libertário“. Sendo assim, compreendemos a relevância do festival na trajetória do mestre Pastinha e a justa oportunidade dada ao Mestre de ir representar sua arte e sua filosofia em Dakar.

Até mesmo porque Pastinha sempre defendeu a origem africana da capoeira. Perspectiva que exalta a memória dos afro-descendentes e valoriza suas raízes étnicas e históricas em detrimento de posições convencionalmente equivocadas. Aquelas em que a memória dos afro-brasileiros é iniciada a partir do tráfico de escravos, enquanto povos escravizados. Facilmente confundidos com “povos escravos“. Ou seja, defender a origem africana da capoeira nos permite “entendê-la como arte de homem que um dia foi livre“.

Fonte: Site Velhos Mestres / Site Jornal do Capoeira

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1° Festival das Artes Negras Dakar/Senagal

CONSCIÊNCIA e CONEXÃO com o

JOGO DA VIDA

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