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Mestre da Capoeiragem pelo jornal condena o sistema adotado por Mestre Bimba

UM DIA COMO HOJE: mestre da capoeiragem pelo jornal diz que é exagero chamar a Bimba de campeão baiano de capoeiragem (12/03/1936)

Os representantes da angola e da regional, embora vissem nas competições uma forma de ascensão da capoeira e de seus praticantes, tinham opioniões fortemente divergentes em relação às regras da competição. Parte desse debate aparece nos jornais da época:

Ouvindo um Mestre da Capoeiragem, Samuel de Souza condena o sistema adotado por Bimba. […] Assim falou: Não resta dúvida que o Bimba é forte e ágil porém é exagero chamá-lo de campeão baiano de capoeiragem pois merecidamente cabe ao Maré esse título. A capoeira por Bimba introduzida no Parque Odeon não é legítima a de Angola, mesmo porque par ase praticá-la mister se faz a presença do berimbau e pandeiro marcadores do ritmo. (O IIMPARCIAL, 12/03/1936)

Fonte: Paulo Magalhães Filho, Jogo de Discursos – a disputa por hegemonia na tradição da capoeira angola baiana, 2012.

Capoeira, de Carybé [Acervo Pinacoteca Carybé]
Carybé – Jogo da Vida

No dia seguinte, o Mestre Bimba responde no Diario da Bahia. Pode ver o que diz na próxima publicação do Jogo da Vida, e a do dia anterior, para ver como começo a polêmica com a capoeira no ringue.

JOGO DA VIDA

Protesta em jornal contra a capoeira no ringue

UM DIA COMO HOJE: esportista protesta com uma carta ao jornal, contra a capoeira no ringue (11/03/1936)

Zé derruba lutador com golpe de capoeira Foto TV GloboFrederico Rozário
Novela De Lado a Lado – Foto TV Globo

Por volta dos anos trinta, a rivalidade entre as duas propostas de capoeira já se manifestava, inclusive em desafios. Todos buscassem o reconhecimento da capoeira como esporte, havia, entretanto, diferentes concepções do que significaria a capoeira no ringue. Foi assim que Mestre Bimba se consagrou como campeão destes campeonatos no ano 1936 e deu prova da sua Luta Regional Baiana.

Porém, na luta em que Mestre Bimba derrotou Zeí (José Custódio dos Santos) , a polêmica continuou. Como na luta anterior, a questão envolvia a própia concepção do que era a capoiera e de como ela deveria ser disputada em um ringue. Em uma carta ao jornal, o esportista Carvalho Rosa protesta:

Ora Sr. Redator, a capoeira é uma espécie de Jiu-Jitsu atrazado, o seu mister é eliminar o adversário, com os seus golpes ágeis, violentos e rápidos na maior parte fulminantes. […] Como contar pontos se os golpes aplicados não surtirem efeitos, aliás otimamente defendidos? Sendo esta de estrangulamento não pode haver contagem de pontos. Só pod se decidir na maneira seguinte, solta aos olhos. (DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 11/03/1936)

Oriundo do meio pugilístico, em sua carta demostra pouco conhecimento de capoeira, com uma tentativa de adaptá-la a regras de competição oriudas de outras lutas.  Pode-se presumir que grande parte do público tinha um pensamento semelhante, vez que estava acostumado às violentas lutas de boxe e vaiou a luta de Henrique e Américo (em 18 de fevereiro de 1936), considerada “tapeação” ou, em termos contemporâneos, “jogo de compadre”.

Na próxima publicação do Jogo da Vida, continua a polêmica da capoeira no ringue, com a participação dos representantes da capoeira angola e regional.

Fonte: Paulo Magalhães Filho, Jogo de Discursos – a disputa por hegemonia na tradição da capoeira angola baiana, 2012. / Diario de Notícias

JOGO DA VIDA

O Berimbau solista avisa: é hora de lutar

UM DIA COMO HOJE: O Jornal Tribuna da Bahia publica “O berimbau solista avisa: é hora de lutar”(04/03/1976)

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Mestre Sena um dos defensores da capoeira esporte utiliza esse discurso de combate à descaracterização dos show folclóricos para defender a capoeira esporte, na materia o Jornal Tribuna da Bahia publica: O berimbau solista: é hora de lutar, em 04/03/1976:

Mesmo na Bahia, onde se firmou como característica de um povo, a capoeira vem gradativamente perdendo a sua essência. Proliferam as academias que se propõem a ensiná-la sem qualquer técnica e método à proporção em que os grupos ditos folclóricos davam à luta uma roupagem inteiramente nova, desrespeitando suas verdadeiras origens, modificando-se a fim de atender às exigências do turismo.

Seria oportuno lembramo-nos aqui das palavras de Mestre Pastinha: “Capoeira Angola: seu principio não tem método; seu fim é inconcebivel ao mais sábio dos capoeiristas.” A crítica ao folclore estava imbuída da defesa de uma metodologia esportiva que aproximasse a capoeira das artes marciais orientais, objetivo confesso de Sena:

[…] o que fizemos foi aparar as arestas do trabalho de Mestre Bimba, que embora fosse digno de todo o respeito estava ainda em estado acentuado de empirismo e, portanto, carecendo de uma estruturação. As modificações que a capoeira passou foi a mesma que passaram o Judô e o Karatê para se transformar em esporte luta dos países orientais.

Dentre as inovações estabelecidas por Sena e não  criticadas como descaracterizadoras, no jornal, destaca-se que ele criou

[…] uma roupa para combate – a jaqueta, criou uma saudação típica para ser usada antes de cada disputa – o salve e criou uma forma de designar o grau de aprendizagem dos alunos – sete fitas coloridas (branca, cinza, preta, vermelha, azul, amarela e verde).

Fonte: Paulo Magalhães Filho, Jogo de Discursos – a disputa por hegemonia na tradição da capoeira angola baiana, 2012.

JOGO DA VIDA

Historia do Carnaval do Brasil

A história do carnaval no Brasil iniciou-se no período colonial. Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o Entrudo, uma festa de origem portuguesa que, na colônia, era praticada pelos escravos. Estes saíam pelas ruas com seus rostos pintados, jogando farinha e bolinhas de água de cheiro nas pessoas

VOCÊ SABE QUE… A história e origem do Carnaval do Brasil vem de outras festas pagadas de velho continente

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Carnaval, Desenho de Carybé – Jogo da Vida 

O Carnaval é considerado uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo. As suas raízes mais remotas do carnaval encontram-se na Grécia Antiga, no culto ao deus Dionísio, que mais tarde foi celebrado em Roma como Baco, espalhando-se para os países de cultura neolatina.

A etimologia da palavra Carnaval vem do latin “Carne Vale”, (adeus à carne) seu significado está ligado ao fato da festa pagã acontecer durante os dias que antecedem a quaresma, um longo período de privação de carne, alcool e prazeres. Portanto era como uma despedida dos pecados da carne. Ou seja, a celebração tinha como objetivo principal extravasar e fazer tudo que durante a quaresma era proibido.

De celebração a festa pagã, ganhou contornos religiosos quando o Cristianismo atribuiu significado à festa, que passou a ser vinculada à Páscoa – a Terça-Feira Gorda é 47 dias antes do domingo de Páscoa.

Em países como Itália e França, o carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias. Em Portugal o carvanal adoptou o nome de “Entudo”, baseado principalmente em brincadeiras em que pessoas sujavam umas as outras com água, ovos e farinha como o mela-mela. O entrudo acontecia num período anterior a quaresma e, portanto, tinha um significado ligado à liberdade. Este sentido permanece até os dias de hoje no Carnaval.

Carnaval no Brasil 

Muito tempo depois, o Entrudo chegou ao Brasil no século XVII por meio dos portugueses, influenciado pelas festas carnavalescas que aconteciam na Europa. Havia uma distinção social nessa festa, as famílias brancas brincavam nas casas e os escravos brincavam nas ruas.

Com a declaração da independência do Brasil, em 1822, o Entrudo, de raiz colonial, passou a ser visto como algo negativo e atrasado. Por isso, a partir da iniciativa de intelectuais, artistas e imprensa, houve um rompimento com a tradição colonial na segunda metade do século XIX e a adoção no País de modelos de festa trazidos da Itália e da França, já com o nome de Carnaval (que teria o sentido de “adeus à carne”). Aí que entraram os bailes e os desfiles nas ruas com alegorias.

No Brasil, no final do século XIX, começam a aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos “corsos”. Estes últimos, tornaram-se mais populares no começo dos séculos XX. As pessoas se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Está ai a origem dos carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais.

Ao longo do século XX, o carnaval popularizou-se ainda mais no Brasil e conheceu uma diversidade de formas de realização, tanto entre a classe dominante como entre as classes populares. A elite do Rio de Janeiro criaria ainda as sociedades, cuja primeira foi o Congresso das Sumidades Carnavalescas, que passou a desfilar nas ruas da cidade. Enquanto o entrudo era reprimido, a alta sociedade imperial tentava tomar as ruas.

Na Bahia, os primeiros afoxés surgiram na virada do século XIX para o XX, com o objetivo de relembrar as tradições culturais africanas. Os primeiros afoxés foram o Embaixada Africana e os Pândegos da África. Por volta do mesmo período, o Frevo passou a ser praticado no Recife, e o Maracatu ganhou as ruas de Olinda.

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Frevo, Fotografía de Pierre Verger

O frevo é também uma dança. Com uma sombrinha colorida, os dançarinos fazem acrobacias e passos que lembram as danças folclóricas indígenas. Na Bahia, manteve-se o costume do carnaval de rua, mas fortaleceu-se os trios elétricos depois da década de 1980.  As músicas deixavam o carnaval cada vez mais animado.

Por volta da década de 1910, os corsos surgiram, com os carros conversíveis da elite carioca desfilando pela avenida Central, atual avenida Rio Branco. Entre as classes populares, surgiram as escolas de samba na década de 1920. As primeiras escolas teriam sido a Deixa Falar, que daria origem à escola Estácio de Sá, e a Vai como Pode, futura Portela.

A partir dai o carnaval de rua começa a ganhar um novo formato. Começam a surgir novas escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo. Organizadas em Ligas de Escolas de Samba, começam os primeiros campeonatos para verificar qual escola de samba era mais bonita e animada. A primeira disputa entre as escolas ocorreu em 1929.

O samba ficou muito conhecido em meados do século XX e deu origem às marchinhas de carnaval, até hoje muito populares. Estas conviveram em notoriedade a partir da década de 1930. A Prefeitura do Rio de Janeiro, e posteriormente São Paulo passou a colocar arquibancadas na avenida Rio Branco e a cobrar ingresso para ver o desfile.

Em 1984, foi criada no Rio de Janeiro a Passarela do Samba, ou Sambódromo, sob o mandato do ex-governador Leonel Brizola. Com um desenho arquitetônico realizado por Oscar Niemeyer, a edificação passou a ser um dos principais símbolos do carnaval brasileiro.

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No século XX, o carnaval foi crescendo e tornando-se cada vez mais uma festa popular. Atualmente cada região tem uma tradição, com distintas constumes e influências africana do tempo da colonização. Para comemorar essa data e milhões de turistas dirigem-se ao país na época de realização dessa festa, e bilhões de reais são movimentados na produção e consumo dessa mercadoria cultural.

O livro Guinness de Recordes Mundiais apresenta o Carnaval do Rio de Janeiro como sendo o maior do mundo. De acordo com o livro, a festa popular tem a participação de cerca de 2 milhões de foliões por dia.

O Carnaval é uma forma de celebrar a libertade que alcanzaram os escravos dos colonizadores e são o resultado da influência africana dentro da cultura Brasileira. Estas celebraões na época da conquista significaram para os escravos um  momento em que podiam confundir seus papeis, das barreiras sociales e perdiam-se nas fantasias, a música e a memoria dos antepassados.

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Fonte: Site Notícias Terra Brasil / Site Historia Carvanal Info / Site Sua Pesquisa / Site Rio Carnaval / Site Carnavales Brasil

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JOGO DA VIDA

Jornal titula: Tiburcinho e Batuque, de autoria de Jair Moura

Tiburcinho se inicia na arte do Batuque por intermedio do Mestre Bernardo José de Cosme, mestre da arte na sua região. Seu jogo de capoeira tinha muita influência da mandinga do Batuque que forçava os praticantes a defender a região genital, além da parte interna das coxas, dos golpes-baixos” desferidos na luta.

UM DIA COMO HOJE:  Tiburzinho fala do batuque num jornal (28/02/1970)

O Jornal A Tarde, de 28 de fevereiro de 1970, sob o título “Tiburcinho e Batuque, de autoria de Jair Moura”, Tiburcinho confirma:

O Batuque é um jogo cuja competição era formada por dois contendores, tendo o ponto fundamental de defesa os órgãos sexuais, devido à violência dos golpes destinado ao desequilíbrio de cada um dos lutadores, através de golpes coxa contra coxa, acrescentado à ‘rapa’ ou ‘banda’ além d’do baú’ que é um golpe de desequilibrio […].

Tiburcinho ainda cita os nomes de alguns dos mestres batuqueiros de Jaguaripe: Lucio Grande de Nazaré das Farinhas, Manuel João, Pedro Gustavo de Britto, Liberato, Gregorio Tapera, Pedro Correia, Francisco Chiquetada, Joaquim Grosso, Zéca de Sinhá, Purcina, Leocádia Silva de Maria Arcanja, Euclides Lemos (Caco), Teotonio, Antonio Frederico, Eusébio de Tapiquará, este último escravo da família Abdon” E relembra algumas cantigas populares, marcadas ao som do pandeiro “tampanque” (tambor de guerra), em que seus refrões diziam:

Ê loandê!
Tiririca ê faca de cotá,
Não me cotá mulequinho de sinhá
Mata m’embora
Cada um tira o seu
Vais embora!
Tiburcinho afirma que o Batuque foi criminosamente esquecido por todos. Apesar de ter sido condenado pela polícia, devido ás consequências que quease sempre terminavam em conflitos, trata-se de um aspecto de nossos costumes populares, e “não se justifica o ostracismo em que hoje se encontra”
Fonte: Livro Mestres e Capoeiras Famosos da Bahia, Pedro Abib, 2013
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JOGO DA VIDA

O Tronco

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Vocabulário da Capoeiragem do jogo da vida: O Tronco

O Tronco foi o nome dado a um instrumento de  tortura e humilhação, com função semelhante à do Pelourinho na parte exterior da construção à Senzala. Em termos gerais, era constituído por uma estrutura de madeira com buracos e quase sempre correntes ou corda utilizado para castigar os escravos.

O tronco é um dos mais famosos e cruéis castigos usado nos escravos considerados ‘rebeldes’. O indivíduo tinha a roupa arrancada e era preso por algemas e correntes em um tronco reto de pouco mais de 2 metros de altura. A partir daí, uma ‘plateia’ se formava em torno do “espetáculo” e a tortura começava. Essa estratégia era utilizada a fim de utilizar o castigo como forma exemplar aos demais e inseria as sevícias na vida cotidiana e na morada desses homens e mulheres.

Normalmente era feito por o capataz (geralmente também era negro), que realizava a punição. Com uma chibata, o indivíduo preso ao tronco tinha suas costas e pernas dilaceradas.  Quando algum tentava fugir, ficava no tronco durante nove noites, quando era chicoteado e depois davam um banho de água e sal.

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Tronco de açoite do um museu nordestino

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JOGO DA VIDA

 

Pelourinho

VOCÊ SABE…o real significado e a história do “Pelourinho”? O nome dado a uma parte do Centro Histórico de Salvador, foi um lugar que nasceu como espaço de castigo dos escravos em séculos passados.

 

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Gravura de Debret.

O Pelourinho era um instrumento de punição legal utilizado pelos portugueses em todas as cidades do Brasil onde os infratores da lei eram amarrados e chicoteados. Era feita de uma coluna de pedra com argolas ou um poste de madeira, onde eram presos os escravos com argolas de ferro, erguido em praça pública. As execuções oficiais eram feitas em praça pública para que estes servissem de exemplo.

.O pelourinho de Salvador foi instalado no século XVI, com a fundação da cidade na condição de primeira capital da América Portuguesa. Salvador cultivou a mão de obra escrava e teve os seus pelourinhos com várias colunas, fixadas em áreas públicas para expor e castigar criminosos, como símbolo de autoridade e justiça.

Inicialmente, localizava-se na Praça Municipal (atual Praça Thomé de Sousa), posteriormente foi transferido para o Terreiro de Jesus e, com o protesto dos jesuítas, transferido para um local após as Portas de São bento, como indicado no Prospecto de Caldas. Em 1807, foi instalado no atual Largo do Pelourinho, até que esse tipo de punição fosse extinto, cerca de 30 anos depois e acabou emprestando o nome ao conjunto histórico e arquitetônico do Pelourinho – parte integrante do Centro Histórico da cidade. O Pelourinho constitui, segundo Pinho (1998), o “locus da Idéia de Bahia”, “ícone consensual” da ideologia da bainidade.

O Pelourinho é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade, tombado pela Unesco, em 1985.

Origem do Termo

A origem do termo “pelourinho” (também chamado de picota) é bastante antiga (para muitos historiadores remonta a finais do século XV). Eram basicamente colunas de pedra, erguidas nas principais praças públicas das antigas povoações de origem lusitana (vilas, cidades), geralmente defronte às Casas de Câmara ou Conselhos locais. Sua função primordial era indicar a autonomia administrativa do lugar, legitimado na forma prevista das Ordenações Portuguesas, sendo seu primeiro símbolo de liberdade.

Algum tempo mais tarde, no entanto, passou a ser utilizado como local de punição e exposição pública de criminosos e escravos. O Pelourinho era normalmente encimado por uma esfera armilar ou por uma esfera esculpida na pedra. Há muitos historiadores que confirmam também a existência de pelourinhos feitos em madeira, o que era incomum e nunca foi o caso dos que existiram em terras santistas.

Fonte: Site Bahia Turismo / Site da Secretaria da Educação do Paraná / Site Blog Memoria Santista

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O primeiro pelourinho santista teve seu lugar no século XVI
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O segundo pelourinho de Santos, fincado nas proximidades do Convento do Carmo

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JOGO DA VIDA 

Castigos públicos de escravos

Qualquer ato de desobediência ou falha no cumprimento das tarefas era suficiente para que o escravo sofresse maus tratos, que iam desde xingamentos, bofetões e pontapés até a morte por açoite.

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Punitions Publiques, Rugendas. – Jogo da Vida

Você sabia que…

As execuções oficiais dos castigos eram feitas em praça pública, no Pelourinho – coluna de pedra com argolas onde eram presos os escravos. O escravo era colocado num local onde o castigo pudesse ser visto por outros. Procurava-se fazer da punição um exemplo que intimidasse a escravaria. O açoite era aplicado a todo escravo negro culpado de falta grave: deserção, roubo, ferimentos recebidos em brigas, etc.

O senhor que requer a aplicação da pena obtém uma autorização do intendente da polícia, que lhe dá o direito de terminar o número de chibatadas, de 50 a 200, que podem ser administradas em 2 dias. O horario mais comun era entre nove e dez da manhã nas praças públicas, onde se localizavam os Pelourinhos. Apos sair do açoite, o escravo era submetido à lavagem das chagas com vinagre e pimenta para que não infeccionsasse.

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Um açoitamenteo público de escravos, Debret 1835.

Na imagem acima da Gravura de Debret, mostra um escravo no pelourinho sendo açoitado, do lado esquerdo da prancha, se encontram os condenados. Os escravos dos extremos estão cabisbaixos pois um dos dois será o próximo. Do lado direito, deitados no chão, estão os negros que acabaram de ser executados, deitados para que não haja hemorragia e com fraldas sob os ferimentos para que as moscas não pousem e infeccione.

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Gravura de Augustus Earle  (1793-1838) Punishing Negroes at Cathabouco, Rio de Janeiro

Dizia-se, à época, que os negros deviam ser tratados com os três “P”: Pano, pão e porrada. Assim, apesar da obrigação de vestir e alimentar os escravos, seus donos tinha pleno direito de castigá-los. Muitos escravos, devido ao excesso de maus tratos, sofriam de Banzo.

Segundo a tradição popular, “muitos escavos se entregavam à morte pois acreditavam que morrer era a única forma de voltar à África”.

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JOGO DA VIDA 

Fundação do Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA)

Mestre Pastinha foi o grande responsável pela reunião e sistematização dos fundamentos da capoeira angola, que Em 1941, fundou a primeira escola de capoeira legalizada pelo governo baiano, o Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), no Largo do Pelourinho, na Bahia.

Um Dia como Hoje: Fundação do Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA) (23/02/1941)

Sobre a Fundação do Centro Esportivo de Capoeira Angola, o Mestre Pastinha fala:

“Eu sempre tive em mente que a capoeira persisava de um generoso intrutôr, com a presencia minha, apontei o destino de levar ao futuro, assumir deversa atitude: Pelo àmôr ao esporte; e a luta constitui caminho para a devina realização e recebeu o nome Centro esportivo de capoeira Angola como patrimonio sagrado.”

O encontro histórico: Mestre Pastinha é chamadao à organização do Centro como escreve o Mestre Noronha:

Depois ABR (Mestre Aberrê)  aprezentou o Mestre Pastinha, por motivo da morte de Amorzinho guarda entregamos o Centro au Mestre Pastinha para tomar conta e cujo Centro é registrado com os esforso do Mestre Pastinha que sobre elevar este Centro a frente grassas au bom Deus deste esprito de luz que oririentou a Mestre Pastinha. (COUTINHO, 1993, P. 17)

Mestre Pastinha conta una versão ligeiramente diferente: teria o própio Amorzinho, em vida, lhe incumbido da missão de representar aquele grupo. Podemos supor que o fato de uma autoridade é um sintoma das tentativas de legitimação desta prática junto ao Estado. Na já citada entrevista a Roberto Freire (1967, p. 7), o Mestre Pastinha diz:

Foi em 1941 que minha vida mudou. Foi na ladeira da Pedra, fim da Libertade, no bairro da Gingibirra. Um ex-aluno meu, de nome Aberrê, bom capoeirista, já morto, me convidou para apreciar uma roda de capoeira. Na roda só tinha mestre. O mais mestre dos mestres era Amorzinho, um guarda civil. No apertar da mão me ofereceu tomar conta de uma Academia.  Eu dei uma negativa, mas os mestres todos insitiram. Confirmavam que eu era o melhor para dirigir a Academia e conservar pelo tempo a capoeira de Angola. Fundei então o Centro Esportivo de Capoeira de Angola, em 1941, e registrei a Academia em 1952. Botei cartera para capoeiristas. Meus meninos são diplomados.

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Anverso e verso de cartoes de identificação de alunos da Academia de Capoeira Angola. Acervo MAFRO/UFBA N°E021 e N° E022

Mesmo assim em seus manuscritos:

Fui a esse locar como prometera a Aberrêr, e com suspresa o Snr. Armósinho dono da quela capoeira, apertando-me a mão disse-me: Há muito que o esperava para lhe entregar esta capoeira para o senhor mestrar. Eu ainda tentei me esquivar disculpando, porem, toumando a palavra o Snr. Antonio Maré: Disse-me: não há jeito, não Pastinha, é você mesmo quem vai mestrar isto a qui. Como os camaradas dero-me o seu apoio, aceito.

Foi assim que em 23 de fevereiro de 1941 no barrio Gengibirra fim da Liberdade, naceu  o “Centro Esportivo de Capoeira Angola”.

Como conta Mestre Pastinha os Fundadores foram “Amosinho, este era o dono do grupo, os que lhe , Aberrê, Antonio Maré, Daniel Noronha, Onça Preta, Livino Diogo, Olampio, Zeir, Vitor H.D., Alemão filho de Maré, Domingo de.Mlhães, Beraldo Izaque dos Santos; Pinião José Chibata, Ricardo B. dos Santos.” Tendo como primeiro Presidente o Snr. Athaydio Caldeira (1941 – 1944), o segundo, o Snr. Aurelydio Caldeira (1944 – 1952) o terceiro, Snr. Paulo Santos Silva (1952 – 1955).

Fonte: Mestre Pastinha, Manuscritos e desenhos de Mestre Pastinha. / Uma Coleção Biográfica – os Mestres Pastinha, Bimba e Cobrinha Verde no Museu Afro-Brasileiro da UFBA. / Angelo A. Decanio Filho. A herança de Pastinha. 2 ed./ Paulo Magalhães Filho, Jogo de Discursos – a disputa por hegemonia na tradição da capoeira angola baiana.

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Composição apresentado a diretoria e associados do Centro Esportivo Capoeira Angola. Acervo do MAFRO/UFBA N° E036

Salve Mestre Pastinha e aos mestres da Velha Guarda, ou nas palavras do Mestre Totonho de Maré, à “Galanteria da Capoeira Angola“.

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JOGO DA VIDA 

Apresentação dos Mestres Bimba e Aberrê

UM DIA COMO HOJE: Os Mestres Bimbas e Aberrê fizeram uma apresentação aclamada pelo público (19/02/1936)

No dia de uma luta frustrada no ring, os mestres Bimba e Aberrê fizeram uma apresentação que destaca a prensa da época:

“Logo depois de terminada a luta acima, e numa prova evidente de seus grandes conhecimentos, Manuel (sic) dos Reis Machado (Bimba) e Raimundo Argolo (Aberrê) outro bamba na capoeiragem, fizeram ótima aprentação extra programa, sendo largamente aplaudidos”. (O IMPERIAL, 19/02/1936)

Semanas depois, Mestre Aberrê desafiou a Mestre Bimba em 25 de março de 1936. (MAGALHÃES, 2012) Porém, sabe-se também que ele tinha uma relação próxima com Mestre Bimba, fato sugerido pela apresentação que fizeram juntos e pelos depoimentos de Mestre Caiçara: “[Bimba] era angoleiro, era amiguíssimo do meu mestre”. (MORAES, 1987) “No passado vi queando êle (sic) jogava capoeira com meu mestre aberê (sic) lá no Engenho Velho, debaixo de um pé de Gameleira” (CARDOSO, 1970)

Fonte: Livro Jogo de Discursos, A disputa por hegemonia na tradição da capoeira angola baiana, 2012, EDUFBA, Salvador.

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Carybé – Jogo da Vida

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