Mestre Bimba no jornal defende-se das críticas da sua capoeira nas lutas de ring

UM DIA COMO HOJE: Mestre Bimba defende sua capoeira nas lutas de ring (13/03/1936)

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Desenho de Carybé – Jogo da Vida

Há um debate em torno das regras de competição, que trazia implícita uma disputa pela legitimidade de diferentes projetos políticos-identitarios. A capoeiragem tradicional, já denominada de capoeira angola, argumentava ser a única legítima, africana e seus antigos mestres não podiam aceitar que um capoeirista de 36 anos, que se autointitulara mestre e inventara novas regras e método, determinasse os termos da exibição e competição públicas desta arte-luta.

Enquanto os angoleiros buscavam regras que não retirassem da capoeira seus aspectos rítmicos, lúdicos e simbólicos, Bimba propunha que os conhecimentos de capoeira servissem para uma luta livre, “à vera”, com proibição apenas de dedo nos olhos, pancada nos órgãos genitais, dentada e puxamento de cabelos.

Nas palavras de Mestre Bimba no Diario da Bahia:

A Capoeira de Angola apenas poderá servir para demostrações ritmadas não para a luta em que a força caracteriza a violência e a agilidade a vitória […]. Há dezoito anos que ensino capoeiragem. Adaptei vários golpes à chamada capoeira de Angola, praticada por meu mestre, o africano Bentinho. […] Mas a verdadeira capoeira é aquela com que a gente se defende e enfrenta o inimigo. Pois então em qualquer lugar, sou atacado e vou esperar pelo berimbau para reagi? Nem berimbau nem pandeiro! A coisa tem que virar mesmo! (DIARIO DA BAHIA, 13/03/1936)

Fonte: Diario da Bahia  / Paulo Andrade Magalhães Filho, Jogo de Discursos – A disputa por hegemonia na tradição Angola baiana, 2012.

JOGO DA VIDA

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